Monday, February 27, 2006

Gruyére, Castelo de Queijo



Adoro queijo!
Fresco, seco, curado, amanteigado…de vaca, de cabra, de ovelha, de mistura… salgado, picante, com ervas… com mais ou menos buracos…não importa, adoro queijo!!!
Rodeada de montanhas verdejantes, de terras impecavelmente aradas onde pastam airosas vacas malhadas, encontra-se a pitoresca vila muralhada de Gruyére.
O castelo merece uma visita demorada, convidando a repousar junto das largas janelas ou nas expansivas varandas, observando a paleta de verdes que se oferece aos nossos olhos.
A vila parece um presépio. Encontra-se cuidada, preservada, vivida e cheia de curiosos, que tal como eu, procuram saborear o delicioso pitéu. No ar paira o odor forte do queijo. A especialidade de todos os restaurantes do sítio, fondue …de queijo, claro está!
A Suiça tem queijos de excelente qualidade, mas o homónimo da vila é de facto muito saboroso. No local o sabor é mais marcante e aí degustado, se perpetua para sempre no paladar.
Há queijo Gruyére para todos os gostos, variando no tempo de cura e no tempero.
Difícil, alguém ficar insatisfeito.
No sopé da montanha, a escassos metros da vila, situa-se a Queijaria, que mesmo em laboração permite a visita de todos aqueles que queiram saber um pouco mais sobre a produção e deslindar alguns dos segredos do paladar do esburacado queijo. Com a entrada, a oportunidade de saborear 3 variedades: 6 meses de cura, 9 meses de cura e picante…deliciosos! Já estou com água na boca…
Fascinante o facto de como uma simples queijaria se pode tornar num interessante espaço museológico.

Próxima paragem…

Thursday, February 23, 2006

Cavalo Preto da infância


Que o Algarve tem praias fabulosas, penso que ninguém duvida. Visitá-las ou revisitá-las constitui sempre uma surpresa.
Nas reuniões familiares sempre se lembrou os grandes piqueniques de domingo que juntavam em época estival, toda a família e um vasto grupo de amigos na praia do Cavalo Preto. A passagem pela Fonte Santa era obrigatória, normalmente na ida para encher uns garrafões de água fresca para suportar o longo e quente dia.
Para mim, as recordações são muito poucas, quase um mito, pois não teria mais de 2/3 anos. Desde então apenas havia voltado com cerca de 13 anos, mais uma vez em família.
Fiquei mais de 15 anos sem visitar a praia do Cavalo Preto. Visitei-a no Verão passado.
As diferenças são notórias.
O areal “encolheu” fruto do recuo progressivo da linha de costa, as arribas lutam ingloriamente com o poderoso mar, que passo a passo cavalga sobre o Cavalo Preto. Embora as raízes teimem firmemente, temerosas pela queda, os pinheiros caem sucessivamente como peças de dominó, diminuindo as sombras e a enorme esplanada natural com vista para o oceano.
A ribeira está muito, mas muito mais poluída…
Quarteira está efectivamente mais próxima, formando uma enorme cortina de betão, que quase ensombra os muitos veraneantes do Cavalo Preto.
Vale (ainda) a pena pela arriba, pelo pinhal e pelo desafogo imobiliário que a tem poupado, consumindo insaciavelmente as praias vizinhas.
Persiste o mito e as vagas memórias da infância.

Próxima paragem…

Monday, February 20, 2006

Entre Valsas e Visons


Previsível seria iniciar um post sobre Viena, mencionando o Rio Danúbio, inspirador, quiçá, da mais famosa e emblemática valsa vienense, o Danúbio Azul (???). Não queria ir por aí, mas fui!
A noite cai num solarengo e gélido dia de Inverno. O frio incita a compra de um quente par de meias de lã, de umas luvas ou de um gorro… Até bato o dente…
Mesmo com muito frio, as ruas estão cheias. Todos se reúnem nos quiosques de madeira espalhados pela cidade, a beber um reconfortante punch e a saborear uma deliciosa apple struddell. Todos. Desde os empregados que abandonam os locais de trabalho no final de mais uma jornada, até às emproadas damas vienenses que pavoneiam orgulhosas o seu vison, que além de feio, é verdadeiro!
A proximidade da quadra natalícia motiva a quantidade de quiosques dispersos pelas artérias comerciais de Viena, oferecendo os mais curiosos enfeites e brindes de Natal. É uma festa! Viena ao rubro numa simples tarde de Inverno.
Também as montras das ruas que partem da catedral de St. Stephenson, se enchem de cor, brilho e motivos apelativos lembrando a data que se avizinha. Apesar de apelativa, Viena é uma cidade cara, muito cara, com comércio de elite e para elites. Todas as grandes marcas se fazem representar no centro da cidade, tal não é a reputação e notoriedade da capital austríaca, assim como o poder de compra lá instalado!
Mas não são só as lojas e as compras, o principal atractivo da cidade. Se a música clássica tivesse uma nação, arrisco-me a dizer que seria austríaca.
A música sente-se sempre, toda a envolvente propícia essa situação.
Calcorreando o passeio da fama, ladeado pelas montras de Louis Vitton, Gucci, Calvin Klein e muitos outros, encontram-se eternizados os grandes compositores, que encontraram em Viena fonte de inspiração para as suas criações. Mozart, Beethoven, Strauss, Liszt, Schuman e muitos, muitos mais cruzam-se connosco por toda a cidade, nas ruas, praças, parques e jardins, nos hotéis, restaurantes e bares.
Viena celebra a Música, a Música celebra a Vida e Viena eterniza-se na nossa memória!
Na nan nan nan nan…turu turu… Na nan nan nan nan…turu turu…

Próxima paragem…

Thursday, February 16, 2006

Museu do Guadiana


O museu espelha-se nas águas turvas do rio. Mértola faz sentido no seu todo.
Todos os cantos e recantos revelam passado, História e estórias.
O ser legado arqueológico e patrimonial é incalculável.
Quantas civilizações encontraram neste precioso local, o sítio perfeito para se fixarem?
Que motivos os levaram a eleger e erigir na margem íngreme do rio, Mértola?
A resposta não é difícil, e encontra-se no frescor das águas, no quente e profundo vale do Guadiana. O grande rio do Sul, outrora importante via de comunicação, facilitou, e muito, a deslocação, descoberta e fixação dos povos árabe, romano e outros. Hoje em dia são outros povos que se espera que venham a descobrir o fascínio e tesouros da rainha do Guadiana. A aposta é de uma empresa de cruzeiros turísticos, que a par do rio Douro começou a operar no Guadiana. O objectivo é cativar e conquistar, não só o mercado nacional, como o europeu e norte-americano.
Mértola abre-se, uma vez mais, ao Mundo para que este a (re)descubra!

Próxima paragem…

Tuesday, February 14, 2006

Colorida Horta


Capital da ilha do Faial, a Horta surpreende pelo simbolismo e pela miticidade. Ao longe o Pico...
Diz-se que Neptuno, Rei dos Mares, visitou a cidade há alguns anos. São inúmeras as menções e fotografias com o mar rebentando em espuma, violento e vigorante, no limiar da baía, com a definição clara e precisa de um rosto coroado. Sem dúvida, Neptuno. Tal facto carrega de misticismo o local, que serviu de almofada a tão distinto monarca.
Mítico é igualmente o Peter Cafe Sport, ponto de encontro de marinheiros, navegantes, vigias e turistas. O Peter constitui desde há muito, local de entrega e distribuição de correspondência, sendo essa função reconhecida e assinalada pelos próprios Correios de Portugal. Os gins, ´que mais que míticos são únicos, constituem por si só, imagem de marca dos Açores.
Contudo, o cartão de visita da Horta é a sua marina. Colorida como nenhuma outra, testemunha tempestades, vitórias, memórias, saudades, lutas desiguais com o imenso Atlântico. Cada embarcação sua história, cada história um nome e/ou imagem que perpetua no pontão a memoravel viagem, cimentando na espuma das ondas até que o mar a queira...
A Horta é única, e ao longe o Pico!

Próxima paragem...

Sunday, February 12, 2006

Bruges, a "Veneza Belga"


Conhecida como a “Veneza Belga”, Bruges encontra-se recortada por inúmeros canais. Além das embarcações turísticas que circulam pelos canais, é possível percorrer a cidade em elegantes coches puxados por cavalos, adornados com “fraldas” que asseguram a limpeza das ruas e a segurança dos nossos passos!
As esplanadas nas grandes e belas praças convidam ao descanso e apelam a saborear uma das muitas (e boas!) cervejas belgas.
No centro da cidade situa-se o Belfort, que do cimo dos seus 400 degraus, permite obter uma vista panorâmica sobre toda a urbe e arredores.
O artesanato local é dominado por trabalhos em renda de bilros, que proliferam nos estabelecimentos comerciais, fazendo lembrar as retrosarias das ruas ortogonais de Peniche!
Os cisnes prateados do Parque da Cidade Miniwater constituem imagem de marca e enchem de brilho e luminosidade as águas turvas do canal.
Bem perto fica o Beguinof, antigo espaço de recolhimento de carpideiras e viúvas de guerra, actualmente reconvertido em local de retiro, alojando uma congregação religiosa.
Bruges é considerada uma das mais bonitas cidades belgas, e reitero essa classificação.

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Friday, February 10, 2006

Kutná Hora, Cidade da Prata


Antiga cidade checa, as origens de Kutná Hora remontam ao séc. XIII, altura em que foi ocupada por mineiros em busca da valiosa e afamada prata.
Foi em torno desta que a cidade se desenvolveu, tendo sido à data, a segunda maior cidade do país, concorrendo em dimensão e importância, com a capital Praga.
Um dos principais atractivos da cidade é a visita à mais antiga exploração mineira, situada bem no centro histórico, e ainda hoje em actividade. Como medida de segurança (e folclore turístico!), a visita tem direito a fatiota e tudo!
Além da extracção do metal precioso, a prosperidade da cidade foi também reconhecida pelo facto de ser distinguida como sede nacional de cunhagem de moeda.
Santa Bárbara, padroeira dos mineiros e da prata, encontra em Kutná Hora a única catedral erigida em sua honra, em todo o território europeu.
A catedral e o centro da cidade viram reconhecida a sua beleza e interesse histórico no ano de 1995, aquando da sua inscrição na lista do Património Cultural e Natural da Humanidade da UNESCO.
Um prémio à conservação, originalidade e magnificência do local.

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Thursday, February 09, 2006

Viseu, moderna Lusitânia


Chega-se à cidade pela Avenida Europa.
As rotundas sucedem-se interminavelmente… Viseu é mesmo conhecida como a cidade das rotundas.
A grande Avenida contrasta com as estreitas artérias comerciais da cidade, nomeadamente a invariavelmente torta, Rua Direita.
O comércio local mantém o aspecto rústico e tradicional, característico dos centros antigos, com as montras a exibir orgulhosamente as mais recentes novidades (e as menos recentes também!...). Pontualmente surgem modernas fachadas, no esforço louvável de revitalizar este tipo de estabelecimentos comerciais, na senda do apresentado pelas lojas “franchisadas”.
No caminho para a Sé, adensam-se os faustos edifícios, com portas e janelas multicolores, adornando fachadas, já de si coloridas, ora com tinta, ora com azulejos.
O museu Grão Vasco reúne uma importante colecção, não só com o espólio do singular artista, como de outros pintores, portugueses e estrangeiros, seus contemporâneos. Merece uma visita, nem que seja para tomar um café na agradável esplanada do bar, instalado no claustro do mesmo edifício. O edifício do museu, renovado e com uma arquitectura minimalista, conjuga-se adequadamente, com as linhas clássicas que o caracterizam.
Descendo, ao encontro de Viriato, caminha-se, porventura, para o mais espectacular enquadramento da cidade, da cidade velha, onde sobressaem os “cumes” da Sé e da Misericórdia, chapéus de Viseu.
Viriato, o próprio, de arma em punho, do cimo da sua toca, observa Viseu, com o olhar protector, aguerrido e guerreiro, que o tornaram herói do povo lusitano, como se da sua Lusitânia se tratasse.
Mito ou realidade, os heróis fazem-nos falta.
Mais “Viriatos” houvessem, e seríamos um país diferente.

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Wednesday, February 08, 2006

Viva Budapeste!


O Danúbio (que de azul tem muito pouco) rasga a cidade em Buda e em Peste. Duas partes de uma só cidade, patrimonialmente rica, conservada e acolhedora.
Os húngaros são simpáticos, afáveis e bons vivants. De noite, as ruas enchem-se de pessoas em busca de diversão, mesmo em pleno Inverno, com os termómetros a rondar os 0.ºC. O ponto de encontro é em Octogon, a rotunda lá do sítio, só que sem Marquês. Octogon constitui um cruzamento recheado de bares e lojas de conveniência abertas 24 sobre 24 horas. Neste cruzamento circulam os mais diversos modos de transporte: autocarros, eléctricos, troleys e metropolitano, que apresenta aqui uma pequena e bonita estação. Aliás, toda a linha Milenium , lembra as mais antigas estações do metro de Paris, com azulejos recortados e escadarias ladeadas por gradeamentos rendilhados.
Igualmente rendilhado, é o ex-líbris da cidade, o famoso Parlamento Húngaro, quiçá o mais reconhecido e emblemático do mundo, a par do Parlamento Londrino com o seu incontornável Big Ben.
Cidade aberta, Budapeste encanta pela sobriedade e vivacidade!
É verdade, as húngaras (além de bolachas!) são provavelmente as mulheres mais bonitas da Europa, o que em viagem alegra bastante as vistas.

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Monday, February 06, 2006

Alegrete, varanda alentejana


Embora o Sol de Inverno não aqueça como no Verão, o dia está quente… sombras precisam-se!
Altaneira, Alegrete sorri vaidosa, ora para a planície que se estende a seus pés, ora para os montes que a tentam abraçar. E tem motivos para sorrir!
Alegrete é uma vila pequena, pacata e reservada. Não possui a divulgação nem o destaque dos próximos Marvão, Castelo de Vide ou Monforte, mas logra seguramente lugar destacado e merecídíssimo, num roteiro pelo Alto Alentejo.
De Portalegre é um pulinho…
Os vasos floridos sentam-se às portas, cada vez menos de madeira, colorindo os caminhos e alegrando as vistas a quem passa.
As senhoras espreitam nas janelas, cumprimentando quem passa:
- Boa tarde! Já foram ao castelo? É uma lindeza!!!! – dizem orgulhosas, indicando o caminho estreito, que se faz entre os quintais bem cuidados.
O castelo constitui um miradouro privilegiado para a pequena vila, para a igreja alva rasgada de azul, para o casario, estupendamente caiado.
No centro descobre-se o coreto, símbolo da festa, tradição e romaria, ponto de encontro das gentes, forasteiros ou locais, em busca do almejado lugar à sombra, com vista para a planície, piscando o olho aos vizinhos espanhóis.

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Friday, February 03, 2006

A Cidade de Gaudi


Ramblas, praças, portos, arquitectura, arte, animação e uma boa dose de loucura…assim é Barcelona, um verdadeiro mostruário do que melhor e mais original se faz em termos urbanísticos e arquitectónicos.
É quase impossível percorrer a cidade sem nos cruzarmos com Macaya, Amatler, Tapiés ou com o incontornável Gaudi!
A Sagrada Família, símbolo de Barcelona, impressiona pelo arrojo e irreverência. Consensual, não é certamente a minha obra de eleição, dentre a palete de ofertas que dominam a cidade. A “Pedreira” cujo telhado parece invadido por uma comunidade berbere, devidamente apetrechada com turbantes de cores pastel; as chaminés do palácio Guell que fazem lembrar enormes taças de guloseimas; o parque Guell com as exemplares colagens de azulejos nos tectos, nos bancos e no afortunado camaleão… são marcas inolvidáveis na visita à grande cidade espanhola.
Contudo, há um edifício que realço dentre as jóias arquitectónicas de Gaudi, a casa Batiló. Esta irradia cor, alegria e laivos de genialidade e loucura, que povoaram, e ainda bem, a mente brilhante do artista.

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Wednesday, February 01, 2006

Neve Algarvia


O manto branco de neve cobriu o país.
Nos últimos cinquenta anos não havia registo de tal ocorrência em Lisboa, Évora e Algarve, com excepção da Fóia em Monchique. Desta vez, a neve ficou a escassos vinte e poucos quilómetros de Faro, cobrindo montes e vales a norte de São Brás de Alportel. As localidades de Parises e Javali vestiram-se de branco durante dois dias. A romaria de centenas de pessoas, sedentas de assistir a tal cenário foi ímpar, enchendo as terras de curiosos que brincavam divertidos na neve, no solarengo dia seguinte.
Contudo a “neve” já cobre o Algarve desde o início do ano. A neve algarvia que outrora deslumbrou as princesas mouras, que apreciavam do alto dos seus castelos, as amendoeiras em flor! No Inverno, estas enchem de cor e beleza os caminhos e estradas da região, tornando-a mais bonita que nunca, a pedir uma visita.
Surpreendam-se no Inverno, visitem o Algarve e apreciem os espectaculares campos com amendoeiras em flor, que com as rendilhadas chaminés são imagem de marca da região.

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