Friday, October 12, 2007

India...aqui tão perto


Os cheiros intensos e fortes, as cores garridas das vestes e das casas não negam, estamos na Índia. As condições mínimas de habitabilidade, a água que chega em garrafões e não por torneiras, a electricidade que é “desviada” de obras e edifícios vizinhos, as estradas, se assim lhes podermos chamar, por asfaltar e esburacadas, não negam, estamos na Índia. O sorriso e as brincadeiras dos miúdos, a timidez e subserviência das mulheres perante a atitude firme dos homens, não enganam, estamos na Índia. O tom de pele dourado e os cabelos negros, que enquadram olhos curiosos e grandes, não negam, estamos na Índia.
Uma das pequenas Índias criadas em torno da capital. Quinta da Vitória, assim se chama o bairro ajoelhado aos pés das torres da Portela. São mais de 400 famílias que partilham este espaço com cabo-verdianos, guineenses e alguns portugueses, que juntos não atingem os 10 % desta comunidade. A vivência é de bairro. Nas 4 ou 5 lojas, vende-se de tudo um pouco. São mercearias, vendas, bares, espaços de convívio e descanso ao fim de um dia de trabalho, sobretudo para os homens que aqui procuram refrescar-se numa ou outra “mini” gelada. Da reduzida comunidade cabo-verdiana destacam-se os dois ou três salões de cabeleireiro, as gargalhadas efusivas das empregadas, enfim, as mulheres que ao contrário das vizinhas hindus, irradiam segurança, confiança, à vontade e extroversão.
Este bairro faz-se de histórias, das histórias da sua gente. A maioria nunca esteve na Índia, mas arrisco-me a dizer que alguns parecem nunca de lá ter saído. O apego à cultura hindu é de tal ordem que prevalece e sobrevive a qualquer processo de aculturação. Esta gente testemunha a história recente do país, a descolonização asiática e africana, a passagem e fixação em Moçambique e finalmente a chegada a Portugal. O bairro tem pouco mais de 30 anos, a idade da Liberdade.

Próxima paragem…

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Referindo-me ao que diz sobre Paris, o que têm os franceses de chauvinistas têm os portugueses de pedantes e quanto às regras de boa educação não se ficam nada atras dos franceses.O Bom Dia, Boa Tarde ou Boa Noite são palavras que pouco acariciam os nossos ouvidos.
Quanto aos museus ingleses não me seduzem em nada, nem mesmo a Inglaterra com os seus ingleses e o seu complexo de superioridade que lhes é tão caracteristico.
Ingleses que fazem dos portugueses ignorantes e que vão colonizando o nosso Algarve, assim como outros pontos de Portugal invadindo-nos dos seus campos de golfo a fim que esses "snobes" venham disfrutar do nosso sol.

12:58 AM  

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