Impérios

Vou dar a volta à ilha. Rumo estrada fora, apenas com um desígnio: parar a cada cruzar de placa com indicação de uma nova freguesia. Sei que em cada uma delas tenho algo para descobrir. Mais do que capelas, igrejas, portas, janelas e pormenores que contem histórias, procuro aquilo que apenas aqui encontro. Impérios. Nenhuma outra ilha os tem em tão grande quantidade.
Além do mar magnífico, das gentes simpáticas, afáveis, da boa comida, e claro está, das inúmeras vacas, os impérios são seguramente a imagem de marca da ilha, a Terceira.
Paro. Paro em todos. E em todos como se fosse o primeiro. Os pequenos altares são pontos de encontro, festivos, religiosos, pagãos. São um foco cultural, o respirar da tradição de todo um povo, de toda esta gente crente que ora com fé nas procissões, que dança esfuziante nos arraiais e corre desalmadamente à frente dos touros nas sanjoaninas.
Os pequenos edifícios centram a atenção dos viajantes. Todos impecavelmente conservados, guardam atrás das cortinas rendilhadas das janelas, o misticismo e a convicção da altivez e protecção de algo superior. Pão e laranjas adornam os altares. No exterior brilham as escadinhas polidas, as ornamentações coloridas, mesmo garridas, as formas mais ou menos convencionais, tornando cada um destes espaços, um acontecimento e uma peça única da arquitectura tradicional e do saber popular açoriano. Cada um deles, uma óptima razão para voltar.


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