Wednesday, December 20, 2006

Vila Natal!


A vila engalanou-se para receber o Natal.
Era escusado. Só por si, sem enfeites e adornos já é bonita o suficiente.
Óbidos, a vila fortificada do oeste, verdadeiro presépio português.
Este ano, a euforia natalícia tomou conta deste pedaço de história, a ponto de ganhar o título de Vila Natal! Os visitantes preenchem por completo as estreitas ruas, mal se consegue ver o chão.
As portas e janelas estão decoradas, há pistas de gelo para patinar, há oficinas que ensinam a fazer enfeites, doces e presentes, mostram-se presépios a cada esquina, até o Pai Natal tem direito a uma aldeia só para ele! Os animadores fazem as delicias dos mais novos, mas também dos crescidos. Por toda a vila existe uma "luzinha", que a torna ainda mais brilhante! Aqui, agora e sempre, será Natal!
No ar paira o cheiro do chocolate e da afamada ginjinha. A oferta de tão precioso licor é variada, sendo possível saboreá-lo de diversas formas e graus de alcoolémia. Marcha uma antes de almoço, num copinho de chocolate. Nada se estraga!
Após o repasto, mais uma tentação licorosa e “achocolatada”. Peras Mouriscas (cozidas com molho de chocolate, caramelo e ginjinha), uma tentação e uma combinação deliciosa, já premiada no festival do chocolate, que se realiza na vila, no início do Outono.
Com esta simples imagem, da agora denominada Vila Natal de Óbidos, desejo a todos os meus amigos, visitantes e leitores deste blog, um Feliz Natal, recheado de amor, carinho, alegria, na companhia daqueles de quem gostam!

Próxima paragem…

Monday, December 18, 2006

Glencree, em nome da Paz


O som da água preenche-nos os ouvidos. É música. Fresca, cristalina e pura.
O musgo cobre as pedras, os troncos caídos, as margens dos cursos de água, as folhas secas no caminho e a pequena ponte. É idílico o local. Nas imediações pastam ovelhas e correm, como que a brincar, cavalos e burros.
Respira-se tranquilidade. Não poderia existir local mais apropriado para exaltar a Paz.
Recôndito, escondido, para lá ir, é preciso mesmo ir lá…, se é que me faço entender.
Foi este, o local escolhido pelos governantes para celebrar a paz entre a República da Irlanda, Irlanda do Norte e Reino Unido. De costas voltadas, reuniram-se e encontraram aqui, na velha fábrica em Glencree, o símbolo para tão importante acontecimento. O edifício acolhe agora, espaços de exposição, biblioteca, cafetaria, restaurante com sabores do verde vale e loja de artesanato e produtos locais. Possui ainda uma sala de conferências e uma unidade de alojamento direccionada para os jovens, que provenientes de todo o mundo, se inspiram no processo de Paz e reconciliação destas nações para discutir, debater, construir e sonhar, os morosos e difíceis processos que devassam os seus países de origem. Acima de tudo, Glencree é um espaço de encontro multicultural, símbolo da esperança e da perseverança das nações e dos povos.
Promove-se e cultiva-se a Paz como se tratasse de uma matéria-prima, lançam-se pontes, traçam-se objectivos, aprende-se a brincar, com algo com que não se brinca, mas aqui é permitido, pois constrói-se o futuro! Estimula-se a cidadania, a participação activa e a educação/sensibilização para a Paz.
A identidade deste local, reforça-se com a chegada de cada leva de pessoas, ideias e vontades que aqui se reúnem, e espalha-se de forma crescente, como a água fresca, cristalina e pura que emana das nascentes e escorre ávida de encontrar o mar, serpenteando os rochedos, verdes de musgo. Que o mundo fosse um grande vale verdejante a jorrar de Paz por todos os lados, e seriam dispensáveis locais como este. Para reflectir.

Próxima paragem…

Friday, December 15, 2006

Manto branco, Monte Branco


O frio chegou e já se faz sentir. Veio para ficar.
Completamente “enchouriçado” com casacos, gorros, cachecóis, luvas… vagueio cortando o vento que parece gelar cada extremidade do meu corpo. O nariz constitui um excelente termómetro e indicador da temperatura que se faz sentir. Está mesmo frio! A ponta do nariz enregelada testemunha isso mesmo.
A cada metro que subo sinto o corpo arrefecer. Os ouvidos começam a dar sinal da pressão. Após duas paragens chego ao ponto mais alto acessível por teleférico. 3842 m de altitude. Estou no rochedo, Aiguille du Midi. A vista é soberba. Os meus olhos estão completamente cheios! Maravilhados! A brancura quase me cega. Sobre o monte, estende-se um grande manto branco onde teimosos, os raios de Sol tentam entrar. É escusado, a neve perpétua (ou eterna) apenas os reflecte. Retém a intensidade, luminosidade e brilho que não chega para aquecer ou derretê-la. Está mesmo muito frio.
No horizonte elevam-se cumes recortados, cada qual o seu nome, destaca-se o Monte Branco, o gigante francês, mas também o Monte Rosa e muitos outros. Geografias bem vivas: Moreias, Cavalgamentos, Anticlinais, lagos em rosário, estruturas imensas e espectaculares.
Nas encostas, aqui e ali, aventuram-se alpinistas e desportistas amantes dos desportos de Inverno. As caminhadas requerem equipamento próprio, experiência e guia. Não me atrevo fora dos trilhos. Antes de descer, tempo ainda para espreitar o apartamento de gelo, fresquinho com certeza, mas nada acolhedor. Não me convence!
Desço repleto de emoções e boas sensações. Sinto-me leve. Os sentidos estão completamente aguçados. Gosto da altitude, o “estar lá em cima”, o “poder olhar para baixo”, o sentir da imensidão, um mar de neve em tudo que os olhos alcançam tendo o céu como limite. Frio e fantástico.

Próxima paragem…

Thursday, December 07, 2006

Maggiore, o lago


Amanhece. Os primeiros raios de luz rasgam as janelas e invadem a carruagem que corre apressada sobre os carris. É estranho, mas sente-se quando se chega a Itália. A luz é diferente. O ar é diferente. Respira-se história, património, imaginário. Transpira-se fascínio, monumentalidade e memórias.
O “grande lago grande” espelha as inúmeras vilas e aldeias que se aconchegam nas suas margens. Elegantes, estas povoações acolhem grandiosas villas, moradias que esbanjam charme e inveja no verdejante vale, o Vale d’Aosta. O verde cobre as encostas e chega até às turvas águas do lago. Nestas repousam barcos que ondulam ao sabor do tempo, calmos, tranquilos… Quadros! Sem dúvida! Fonte de inspiração para artistas, pintores, escritores e poetas.
No lago, emergem ilhas. Muitas. Nelas residem palácios, castelos, igrejas. Um cenário idílico, que mais parece de brincar! A neblina matinal que cobre e envolve as ilhas ajuda a criar uma paisagem ainda mais fascinante. A região vive em torno do lago. Itália e Suiça fundem-se numa só região. Um lago, dois países. O lago impera. O Maggiore no seu esplendor, excelente companheiro de viagem, num percurso de comboio singular.

Próxima paragem…