Monday, April 24, 2006

A imensa planície


Após o regresso de mais uma escapadela a Lisboa, pensei em qual seria o destino a preencher este post. Por tempos viajei, fui longe…Iniciei outro texto, mas as imagens do percurso de regresso estavam bem vivas.
O Alentejo. Decidi dedicá-lo ao Alentejo. Não a um local em particular, mas ao conjunto, a toda a região. Se uma imagem a descrevesse, não seria muito diferente daquela que aqui apresento. Talvez pudesse ser pintalgada de branco, pela cal alva que envolve um e outro monte, aleatoriamente disperso pela planície.
Da A2, verdadeira passadeira panorâmica, goza-se uma das mais marcantes paisagens portuguesas, quase um cenário cinematográfico, aliás, já reconhecido pela principal indústria do género, por exemplo no filme “A Casa dos Espíritos”, que encontrou no Cercal, uma fantástica paisagem sul americana! Às contas disso, passaram e passearam pela região, alguns dos mais mediáticos e talentosos actores de Hollywood (e não só!). Entre eles Meryl Streep, Glenn Close, Jeremy Irons, Winona Ryder, António Banderas e os portugueses Nicolau Breyner e António Assunção, o saudoso Tó de “Duarte e Companhia”.
Voltemos ao Alentejo!
Depois da seca que no ano passado assolou a região, a chuva parece ter feito as delicias das terras, que se cobrem agora de verdes, rasgados por laivos brancos, amarelos, vermelhos e roxos, tons das pequenas flores, que carregam de poesia, a idílica e bucólica paisagem.
A planície alentejana, sentada à sombra num beiral, aguardando temerosa que o sol a doure, para que brilhe intensamente no caminho dos viajantes da A2. Para estes, a sombra dos sobreiros, seria seguramente mais refrescante e prazenteira que qualquer parqueamento coberto nas estações de serviço.
Território em espera, o Alentejo habituou-se a estar encrostado entre a estressada capital e o veraneante Algarve. Felizmente, é gradual a descoberta, que ambas têm feito da região e de tudo aquilo que esta tem para lhes oferecer.
Agradece-se a companhia, a sombra, a calma, a identidade e os sabores.

Próxima paragem…

Thursday, April 13, 2006

United Colors of Dublin


Brancas, pretas, amarelas, verdes, azuis, roxas, rosas, laranjas, castanhas… mais escuras ou mais claras, mais largas ou mais estreitas, mais ou menos ornamentadas… há-as de todos os tons e feitios!
Falo de portas. As portas de Dublin!
As Georgian Houses são um dos ícones da capital irlandesa. Encontramo-las tanto na margem Sul como na margem Norte do rio Liffey, o rio que tanto inspirou poetas e músicos locais.
Na margem Sul, os elegantes bairros Georgianos alojam hotéis, embaixadas, lojas requintadas, museus e edifícios governamentais. A Norte, derivam dos bairros operários e tem sobretudo a função habitacional.
As portas coloridas contrastam com a cor tijolo dos edifícios. Conta-se que a especificidade de cor de cada porta facilita (e muito) a localização e sentido de orientação dos residentes, sobretudo após as faustosas refeições, leia-se Guiness, Guiness e mais Guiness, a famosa cerveja escura, espessa e de sabor forte, que efectivamente, alimenta!
Durante o reinado da Rainha Vitória e aquando da sua visita a Dublin, em sua homenagem os residentes pintaram as portas de preto, a sua cor favorita. Durante essa época ficaram célebres as trocas e confusões geradas pelos bem bebidos dubliners, que entravam em casas alheias, e eram corridos, primeiro pelas esposas, que não as suas, e depois, após acertarem na casa correcta, pelas respectivas. Contingências de homens casados!!!
As cores vivas condizem com a boa disposição e simpatia dos irlandeses, que sempre em festa, simbolizam a imagem positiva e empreendedora deste povo.

Próxima paragem…

Tuesday, April 11, 2006

Mau tempo no canal


Viajar de barco em alto mar é, para mim, sinónimo de enjoo. Vomito, vomito, vomito, até mais não, o que comi, o que não comi, tudo. Contudo, insisto!
São memoráveis as viagens entre o Funchal e o Porto Santo, entre o Sal e a Boavista ou entre Peniche e as Berlengas. Nesta última, alimentei umas famílias de gaivotas, que sobre a minha cabeça voavam e guinchavam agradecidas pelo repasto por mim oferecido!
Nos Açores, era impensável não realizar um “whale and Dolphin wacthing” – Observação de Baleias e Golfinhos, propósito que me acompanhava à longa data.
O mau tempo adiou a observação por um dia. Não começava nada bem esta experiência. A ansiedade tomava conta de mim. Queria mesmo muito participar nesta aventura.
Antes da partida as notícias não eram boas. Desde bem cedo que os vigias, antigos caçadores de baleias agora ao serviço do turismo e da ciência, do alto dos seus postos, não avistavam qualquer indício de baleias. O skipper (condutor do barco) colocou à nossa consideração sair para observar apenas golfinhos. Acedi sem hesitar. Durante quase duas horas avistámos várias famílias de golfinhos, não só os roazes corvineiros, comuns no mar açoreano, como os golfinhos riscados, não tão comuns, e por isso bastante saudados pelo staff da embarcação. Ambos brincavam nas ondas, mergulhando e acompanhando o barco que navegava incessante, entre o Faial e o Pico, no famoso canal eternizado na literatura portuguesa por Vitorino Nemésio.
Três horas após a saída, já sem nada para vomitar (Pensava eu!), e de regresso ao porto, o contacto inesperado do vigia: - Temos baleias!
Voltámos apressadamente para o alto mar, e surpresa das surpresas ainda havia qualquer coisa para deitar fora!... uma emoção enorme, enquanto me “desfazia”emergem dois imensos corpos no oceano. Cá estavam, um casal de Baleias Boreal, do grupo dos Misticetes – Cetáceos que possuem barbas, ou seja, onde se encontram as maiores espécies. As Baleias Boreal atingem os 18 metros, e estas não estariam longe dessa medida.
Momentaneamente a indisposição passava, parecia oscilar com os mergulhos regulares, quase cronometrados dos espectaculares animais.
Os Açores em pleno, únicos e misteriosos.

Próxima paragem…

Wednesday, April 05, 2006

Big City Light



Cheia de movimento, Londres é uma cidade frenética. Sem dúvida uma das “minhas” cidades!
Cheguei num fim de tarde de Fevereiro, e ao contrário do que seria previsto para esta altura do ano, o céu não estava cinzento, estava rubro, restício de um dia solarengo. Toda a estadia assim foi, pontuada de sol, mas com muito, muito frio.
Londres é um mundo, e já muito antes de a conhecer, eu já a conhecia. Fazia parte do meu imaginário!
Desde o 10º ano (1994) que a ida a Londres me estava “entalada”, numa frustrada tentativa que não passou disso mesmo! Em 2001, finalmente, conheci a grande cidade. O Big Ben, o Parlamento, o Museu de História Natural e o de Ciência, o célebre render da guarda, o Buckingham Palace são marcos incontornáveis numa visita a Londres. Mas havia muito mais… O Madame Toussauds recheado de vedetas, o British Museum a Tate, a Royal National Gallery, o mercado de Camden Lock, o Convent Garden, Soho, a mega store da Dc. Martens (tantas botas e de tantas cores!), tanta coisa…
Surpreendentemente Picadilly e os seus neons luminosos ficaram registadas para sempre… era capaz de ficar lá durante horas a olhá-los, sentado aos pés do Cupido.
Picadilly foi a primeira estação de metro/underground onde saí e aquela luz jamais a esquecerei.
Para voltar sempre!

Próxima paragem…