Águas do Vez
A chuva dá-nos as boas vindas. Não é muita, mas a suficiente para antecipar o ansioso e tardio almoço. A manhã ia longa e a barriga dava sinal de que já eram horas de atacar qualquer coisinha…
Depois de alegrar as vistas no Parque Natural da Peneda Gerês, havia agora que reconfortar o estômago. Para variar, bacalhau, regado com um bom verde maduro tinto bem fresco, ementa recorrente dos últimos dois dias. No Alto Minho é impossível contornar esta tentação. Em Arcos de Valdevez não foi diferente.
Após o almoço, a chuva amainou e permitiu um agradável passeio nas margens do Vez.
As águas do rio, reflectem os arcos da ponte, a igreja e alguns edifícios da zona histórica da vila, um espelho de água favorecido pelo açude recentemente reabilitado.
Na margem direita, o jardim impecavelmente cuidado, assim como a grande alameda, onde se digladiam interminavelmente, os reis D. Afonso VII de Leão e o conquistador D. Afonso Henriques. Na batalha do ano de 1140 em Arcos de Valdevez, confrontaram-se os regimentos dos dois soberanos. A história revela um episódio violento, sangrento como nenhum outro até então. Conta-se que durante muito tempo, as águas do Vez chegavam ao rio Lima com uma cor púrpura, tal não foi a carnificina e o sangue derramado na batalha, avolumando o caudal do rio.
Aproxima-se a hora do lanche, venha o verde maduro tinto, que bebido na malga, ganha um sabor especial. A sua tonalidade rubra, honra, quem sabe, o sangue dos heróicos guerreiros.
À saúde e in memoriam!
Próxima paragem…
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