Wednesday, May 23, 2007

O novo Montemor-o-Novo


Os espectáculos e eventos culturais sucedem-se. Montemor-o-Novo ganhou estatuto e é já referência no panorama nacional. As sociedades recreativas voltaram a ter vida. Renasceram do marasmo e da inércia. Mais que pontos de encontro para o café, para a sueca e para o dominó, elevaram-se a espaços de encontro, pólos culturais. Mesclam-se gerações, trocam-se experiências e vivências de forma salutar.
Descendo do castelo, o casario espraia-se sonolento. Os azulejos coloridos de algumas casas contrastam com a brancura alva das restantes. Os olhos são quase feridos pela reflectância e luminosidade emanada. Perdida numa esquina, a janela, ladeada por um candeeiro. De noite, quando aceso, é refúgio de insectos que em torno dele rodopiam sem descanso. O baile apenas é interrompido pela sagacidade das osgas, que com o cair da noite espreitam fossilizadas, aguardando o melhor momento de atacar. “Alto e pára o baile!” – parecem dizer.
Desta janela não se vê o mar. Está longe…bem longe.
Contudo, existe mar nesta janela. Na forma, no estilo Manuelino que carrega historicamente, na saudade de quem a construiu, no olhar de quem nela se debruçou a admirar a planície, no sal das lágrimas de quem nela viu partir, vislumbrou o horizonte na esperança de um regresso e também viu chegar… No sorriso embevecido de quem nela namorou, trocou e fintou olhares e carinhos, trocou sonhos, lançou pedras e cimentou o futuro.
Será só uma janela? Talvez. Mas para muitos, esta é a janela, a sua janela. Todos temos a nossa. Talvez não se veja o mar, mas se fecharmos os olhos, sentimos-lhe o frescor, a maresia e a imensidão.

Próxima paragem…

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