Porto Sentido

Hoje roubei o nome, Porto sentido! Roubei-o ao Rui Veloso. Para este post poderia tê-lo encontrado noutros músicos e noutras músicas, no Sérgio Godinho, nos Clã, nos GNR ou mesmo nos extintos BAN, os do “Irreal Social”. O Porto é hoje o meu destino.
O que me atrai é o escuro das ruas sombreadas pelas casas esguias, também elas negras. O comércio local mistura-se com as lojas “franchisadas”. Nas tascas cheira a vinho; nas mercearias as bancas na porta prolongam os odores e as cores das frutas frescas, do café e do bacalhau; na Livraria Lello e Irmão cheira precisamente aos dois volumes da “Lello Enciclopédia Universal” de encadernação vermelha, que tantas vezes consultei em casa ao realizar os trabalhos da escola.
Vista de Gaia, porventura a mais bonita vista do Porto, este parece uma fortaleza sombria, com os clérigos a dominar a paisagem. O ar pardacento carrega de misticismo e caracteriza a velha cidade. O negro Bairro da Sé constitui um bom exemplo, descendo vagarosamente em direcção ao grande rio. No Douro passeiam elegantes os Rabelos, típicas embarcações que transportavam o que de mais precioso há na região, o Vinho do Porto. Hoje em dia, os Rabelos possuem uma função turística e simbólica, sobretudo desde a classificação por parte da UNESCO do Alto Douro vinhateiro, verdadeira obra prima desenhada pela mão do homem, onde os socalcos se aninham numa simbiose perfeita nas encostas íngremes do rio.
Foi este o meu Porto, num conturbado e esburacado (muito esburacado) ano 2000, que antecedeu o PORTO 2001 - Capital Europeia da Cultura. A voltar.

Próxima paragem…