Wednesday, July 12, 2006

Teresin, a caminho do fim


Rodeada de prados verdes, frescas águas dos riachos encaixados nos canais circundantes, Teresin caracteriza-se pela planta ortogonal, com quarteirões desenhados de forma milimétrica, ruas largas e alinhadas sequencialmente a desembocar numa grande praça central, um enorme jardim para a parada, onde se encontram as mais importantes funções e equipamentos, a igreja, a escola e antigos edifícios militares. A arquitectura militar domina a cidade, que se desenvolveu, precisamente em torno dessa função. Não fosse o horror da segunda grande guerra, e Teresin seria uma simpática povoação, situada a pouco mais de uma hora de Praga.
A História encarregou-se de mudar esse destino. Aqui, instalou-se um dos maiores campos de transitação do poderoso monstro nazi. Daqui partiram milhares de homens e mulheres, que acabaram por fenecer num qualquer campo de concentração. Muitos não chegaram a partir, perderam as suas vidas neste local arrepiante e de má memória. A cidade é triste, pesarosa, detém um luto constante. Mesmo com centenas de visitantes por dia, Teresin é silenciosa, até os pássaros parecem não querem sobrevoar estas paragens. Ainda se respira a morte…
São vários os espaços que testemunham a presença inimiga no território. Nos fortes, no crematório, no cemitério, nas “barracs”, o “gheto” e muitos outros locais. Um campo à escala da cidade, testemunho da dimensão do horror, a caminho do fim…
No pequeno forte sucedem-se as salas e a descrição da vivência do campo. Sente-se medo, frio, terror. É a revolta, a escuridão e a impotência. Os sinais de morte povoam o campo e invadem-nos a cada passo. Marcante, muito marcante. Às vitimas, um punhado de pedras e uma rosa vermelha.

Próxima paragem…

2 Comments:

Blogger Marlene said...

Este blog está cada vez mais apelativo. A forma de descreveres os lugares transporta-nos para eles!!! Fantástico!!!

3:49 AM  
Anonymous Anonymous said...

Alguns dados objectivos para complementar o descrito:

A fortaleza de Teresin, no centro da qual se edificou a vila com esse nome, foi construída durante o reinado do Imperador José, entre os anos de 1780 e 1790, perto da confluência dos rios Elba e Eger, tendo em vista proteger os acessos à Boémia, das invasões das tropas inimigas durante a guerra entre a Prússia e a Áustria, no séc. XVIII.

Ironicamente, a fortaleza e principalmente uma parte, a Fortaleza Pequena, nunca veio a servir os seus propósitos iniciais, mas mais a de prisão destinada a detidos políticos, como que adivinhando a sua posteior notoriedade durante a ocupação nazi.

Curiosamente, lá se encontrou preso o autor do assassínio do imperador Francisco Fernando, episódio que deu origem à eclosão da 1ª Guerra Mundial.

Particularmente arrepiante á a zona do IV Pátio, na qual se encontravam presas cerca de 400 a 600 pessoas, em pouco mais de 50 m2 (os prisioneiros designados por XYZ).

Igualmente impressionante é a HERRENHAUS, casa situada no interior do complexo da Fortaleza Pequena e que era destinado a habitação do comandante nazi, de alguns guardas e suas famílias (já imaginaram crianças a brincar a menos de 50 metros de locais onde outros seres humanos eram torturados ?

Enfim se forem à República Checa, não deixem de visitar o campo e depois, para se recomporem com a humanidade, vão jantar à Praça Velha de Praga, apreciar o movimento e quem sabe, poder ter a sorte de ouvir uma orquestra Jazz, que por ali passe e vos brinde com algumas peças....

12:06 PM  

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