Friday, April 20, 2007

Surpreendente Milão


Capital europeia da moda, Milão surpreende sempre. É elegante, tem charme e exuberância. Entusiasma a cada mirada. O centro nevrálgico da grande cidade do Norte, da denominada terceira Itália, cosmopolita, industrial e desenvolvida, é sem dúvida a Praça do Duomo, sede do mais marcante e emblemático edifício milanês, a Catedral. De estilo gótico, ousa pela magnificência e abusa pelo brilhantismo esplendoroso. Antes de visitar Milão pensava que a cidade se resumiria à imponente catedral. Felizmente não podia estar mais enganado. Para a mesma praça abre-se um mundo à parte, de lojas e tentações, onde o classicismo se mistura de forma eloquente com o que mais moderno e arrojado se faz em termos de design e moda. Trata-se das galerias cobertas Vittorio Emanuelle II, amplamente ornamentadas com mármores multicolores e adornadas com frescos pintados pelos grandes mestres do final do século XIX. Passadas as galerias chegamos à bonita praça e ao Scala, o majestoso teatro de Opera de Milão. O Scala sempre fez parte do meu imaginário. Não sei bem porquê, mas li cada palavra presente nos cartazes que anunciavam o espectáculo em cena, "Il Pipistrello". Sempre que o faço, transporto-me para a sala e viajo. Viajei.
Tempo de repasto. Delicio-me numa das inúmeras esplanadas que dão graça e vida à Via Dante, principal artéria comercial da cidade. Pasta, pizza, vinho e gelado, dos bons!
Parto satisfeito para mais uma surpresa, o palácio/castelo Sforza, impressionante e grandioso conjunto arquitectónico cujas paredes se encontram cobertas por trepadeiras, que atentas contornam janelas e portas. Hoje em dia, constitui um impressionante espaço museológico e um espaço de lazer. Os jardins circundantes, nomeadamente a grande alameda que nos leva até ao arco, convidam a ficar, relaxar e gozar da tranquilidade em plena metrópole. Contrasta, e de que maneira, com a agitação e aceleração da fervilhante urbe.
Intensa e formal, mas simultaneamente enérgica e descontraída, Milão surpreende!

Próxima paragem…

Wednesday, April 11, 2007

Aleluia! Aleluia! Aleluia!


Nove horas em ponto. Lá no alto, os foguetes matinais rebentam barulhentos, anunciando a chegada de mais um dia de festa. Nas ruas, o reboliço habitual de quem ultima os últimos pormenores. Os tapetes de flores rasgam as artérias, embelezando-as, perfumando-as, dando-lhes vida. Sobre o verde, uma paleta enorme de cores, formas e tamanhos. Predominam as flores campestres. No ar evidencia-se o cheiro do alecrim, do funcho e do rosmaninho. Nas varandas e janelas, debruçam-se colchas. A azáfama nota-se no rosto de quem trabalha para levar a cabo o maior e mais mediático evento da terra. Os sorrisos e o contentamento espelham-se no rosto daqueles que elegeram a vila para passar e passear neste dia. É domingo de Páscoa.
A caminho da igreja Matriz os homens caminham orgulhosos empunhando as tochas floridas. A outrora conhecida festa do Aleluia, rendeu-se às evidências do marketing e deu lugar à festa das tochas floridas. Na procissão participam apenas os homens, devidamente apetrechados das tochas multicolores. Ao despique entoam o emblemático cântico que se faz ouvir ao longo do seu percurso – “Ressuscitou como disse?” ao qual respondem em uníssono - “Aleluia! Aleluia! Aleluia!”. Além do cântico, das tochas e das flores, a secular procissão do Aleluia é igualmente conhecida pela aguardente de medronho, fiel companheira daqueles que nela desfilam e cujas gargantas se ressentem com o sonoro grito. Nesta procissão não há imagens religiosas, mas medronho, são litros e litros. Estas peculiares características já fazem desta festa um dos principais cartazes turísticos do Algarve em época baixa. Nas ruas, os visitantes são aos milhares. Cada vez mais.
Ao entardecer, a vila entra novamente na calma e na pacatez. Os tapetes estão desmanchados, trabalho intenso de dias e dias a colher plantas e flores, horas de dedicação na construção para escassas 3 ou 4 horas de fulgor. Mas também é essa a magia da festa, a efemeridade. Todo o impacto visual, odorífero e sonoro da festa perpetuar-se-á seguramente naqueles que a presenciaram. Religiosa ou pagã? Sagrada ou profana? Não interessa! É Páscoa em São Brás de Alportel, cumpra-se a tradição!
Aleluia! Aleluia! Aleluia!

Próxima paragem…