Wednesday, May 31, 2006

Ferragudo, Princesa do Arade


Passada a pequena ponte caiada, eis Ferragudo no seu esplendor. Um amontoado de casas brancas, pinceladas de várias cores nas portas e janelas.
Do largo da Rainha D. Leonor, a quem se atribui a sua fundação, sucedem-se vielas estreitas, escadarias a pique até à igreja e ao miradouro. O Sol abrasador não ajuda a subida. No miradouro, a vista não é das melhores, a margem direita do Arade totalmente coberta por Portimão e Praia da Rocha, nem a nova Marina ajuda… De lá sim, a vista é bem mais marcante, Ferragudo, um enorme castelo branco sobre o rio, Princesa do Arade, pequena jóia algarvia.
A vila piscatória mantém ainda a graça e identidade na região. As pequenas embarcações de pesca no porto, as redes e apetrechos no cais, ao longo de todo o canal. No final do passeio ribeirinho, o Sueste. Para começar uma sopa de lingueirão, o sargo escalado a assar na brasa, a salada montanheira e o verdinho a aquecer no copo. Um repasto do melhor.
Antes do almoço e para refrescar, nada melhor que um mergulho nas águas da por enquanto deserta praia do forte. Contingências do final de Maio. Daqui a poucos dias enche-se o areal, os restaurantes, os alojamentos, a vila… Tudo.
Venha Setembro e de novo o descanso!

Próxima paragem…

Friday, May 26, 2006

Pôr-do-sol em Son Bou


Do alto da varanda do hotel, os olhos alcançavam o mar. Um mar tranquilo e transparente, onde à tardinha o sol descansava, após um longo dia a brilhar e a dourar, lá bem em cima.
A areia fina e branca convidava a longas caminhadas. Sempre me fascinou o “fim” da praia. Caminhar até ao seu término, ir e voltar, e no dia seguinte repetir o passeio.
Saindo do hotel, para o lado esquerdo, o “fim” era próximo, não mais que 500 metros, para o lado direito, cerca de 3500 metros. Nenhuma outra praia na ilha atinge tal extensão. Uma agradável caminhada, pontuada de muito pouca construção, riquíssimos vestígios arqueológicos e uma refrescante lagoa, surpreendente entre as dunas, habitat de aves e delícia de muitas crianças.
A originalidade de encaixe e beleza das callas recortadas na costa poupou Son Bou à pressão urbanística excessiva. Veremos até quando… Menorca é sem dúvida um destino de eleição, uma Espanha diferente. Calma, romântica, tranquila e relaxante.
Foi assim há um ano.

Próxima paragem…

Monday, May 15, 2006

A Pequena França Alsaciana


As madeiras adornam e sustentam as coloridas fachadas. Em plena cidade de Estrasburgo, ladeada pelo canal do Rio Ill, afluente do Reno, encontra-se um dos símbolos da região da Alsácia, o bairro de Petite France. Não fosse a urbe ameaçadora e envolvente, e quase se viveria num ambiente rural neste local.
Os edifícios possuem em média, três ou quatro pisos, que contrastam com o resto da cidade, não só pelos materiais utilizados, como pelas tonalidades empregues nas fachadas.
Nos rés-do-chãos, encontram-se além das casas de souvenirs, apelativas pâtisseries com as suas montras recheadas de tartelettes de frutas frescas, uma verdadeira tentação. Gostei particularmente de espreitar por entre uma janela, um velho senhor que tocava violino, o som evadia-se, soltando notas de encantamento. Da sua sala de estar fez uma pequena oficina onde reparava os delicados instrumentos, parecia um pequeno mundo, um mundo de fantasia de um qualquer conto infantil.
Não fosse as sedes do Conselho Europeu, Parlamento Europeu e Corte Europeia dos Direitos Humanos, e Estrasburgo não teria o reconhecimento que hoje detêm entre os europeus e a notoriedade no mundo. Estrasburgo é actualmente, a par de Bruxelas e Luxemburgo, uma das capitais da União Europeia.
Outro dos factores que me fascinou na cidade foi o sistema de transportes públicos… funciona!
A conexão e intermodalidade funciona e bem, na estreita função de servir a cidade e a população, residente e visitante, que rapidamente se adapta aos pequenos hábitos locais. Na enorme gare central, cruzam-se comboios, autocarros e metros de superfície, que cobrem eficazmente toda a cidade.
As consequências são notórias: os carros ficam fora da cidade, existem condicionamentos de circulação automóvel no centro, nomeadamente nas artérias comerciais em torno da magnífica Catedral, o tráfego não é intenso e as pessoas tem um ar feliz.
Ganha a cidade e ganham as pessoas. Um exemplo a seguir.

Próxima paragem…

Friday, May 05, 2006

Serra Branca e Nevada


Agora que o frio começa a dar tréguas, o sol já paira airoso sobre as nossas cabeças e o calor já se faz sentir na pele, eis a neve!
Aqui bem perto, Serra Nevada.
Mais que uma estância de desportos de Inverno, a Serra poderia bem ser, uma delegação de Portugal no país vizinho. Basta cair os primeiros flocos de neve para a Serra ser inundada de portugas, em busca das primeiras aventuras nas pistas. As minhas são mais nas esplanadas, sobretudo no levantamento de cervezas!!!!!...
São raros os fins-de-semana em que não se vagueia pelas ruas e não se encontra alguma cara conhecida, já para não falar da língua predominante, que nesse período, é claramente o português.
A melhor vista para a Serra, goza-se da espectacular cidade de Granada, sobretudo de Alhambra, onde a candura do bairro de Albaicin se confunde com a alva e fresca neve.
Agora que o fim-de-semana se aproxima, gozem bem a neve… melhor dizendo, o Sol, o calor e a praia!

Próxima paragem…

Wednesday, May 03, 2006

Sobre o Tejo


As águas do Tejo já não são claras como outrora.
Turvas, seguem no seu leito até beijar o mar.
Também o sável não povoa como dantes o grande rio, o mesmo que antes, dava de comer a numerosas famílias, que provenientes de vários pontos do país, elegiam o vale do Tejo para se fixar e viver. Aqui viviam única e exclusivamente deste, os homens na faina e as mulheres, nas margens, trabalhavam as redes e amanhavam e cozinhavam os peixes, base da alimentação local.
Sobre o rio erigiam as mais emblemáticas construções da região, os bairros dos Avieiros, os pescadores do Tejo, fronteira natural entre o Norte e o Sul do País.
Aldeias Palafitas com casas de madeira amontoadas engenhosamente e sem critério, quase como brinquedos, verdadeiras esplanadas sobre o rio.
Sombras do que eram, os bairros dos Avieiros guardam a memória das águas e das gentes. As madeiras apodrecidas, poucas ou nenhumas famílias abrigam. Hoje apenas servem para guardar os apetrechos dos resistentes que ainda se aventuram nas águas turvas e menos providas do Tejo. Já não se come só do Tejo…
Visitei um dos bairros, na Póvoa de Santa Iria em 1997, na clássica visita do primeiro ano da cadeira do Prof. Jorge Gaspar do curso de Geografia da FLUL, aos portos fluviais do Tejo. Muitas paragens, muitos espelhos de água, muitas peripécias e laços de amizade fortalecidos.
Já lá vão quase 10 anos, e as águas do Tejo lá seguem cada vez mais turvas, mas sempre, sempre inspiradoras.

Próxima paragem…